A dr.ª Joana foi convidada pela revista Business.IT a comentar o porquê de (ainda) haver poucas mulheres no mundo das Tecnologias da Informação.
…
Predisposição ou educação?
Há alguma predisposição natural para que as mulheres escolham os cursos menos técnicos ou é-nos “imposto” pela sociedade? A psicóloga Joana Diz no espaço Corpo Saudável, no Porto, concorda com ambas as possibilidades. «Devido à sua história educacional e biologia, tanto a mulher como o homem foram desenvolvendo determinadas aptidões cerebrais que naturalmente culminaram numa maior ou menor eficácia em determinadas competências e tarefas, que fazem com que interfira na escolha futura dos cursos».
Contudo, avança que recentes estudos têm demonstrado cada vez menos estas diferenças entre géneros, porque a sociedade e seus valores educacionais têm vindo a sofrer profundas transformações, o que nos exige a uma nova readaptação. «Esta passa, inevitavelmente, pela capacidade do nosso sistema nervoso se alterar ao nível estrutural e funcional face a novas experiências – a neuroplasticidade».
Joana Diz destaca ainda que vivemos numa sociedade predominantemente patriarcal que ainda insiste em manter estas diferenças de competências entre o homem e a mulher de um antigo paradigma praticamente já inexistente, criando algumas resistências e barreiras face à mudança natural evolutiva da humanidade, principalmente para um novo lugar da mulher no sistema profissional.
Para que esta “desigualdade” seja menos vincada, a psicóloga apela a uma mudança de consciência. «Acredito que vivemos tempos de profundas alterações educacionais e essas desigualdades já vão sendo cada vez menos vincadas, porque as necessidades também são outras e cada vez mais emergentes». Esta «separação estrutural», como classificou Joana Diz, está a ser bastante abalada, sendo imprescindível para uma nova reorganização e consequente nascimento de um paradigma mais equilibrado e unificado entre géneros.
«Assim sendo, a verdadeira mudança passa por uma reeducação individual a todos os níveis e dimensões psicológica e emocional do ser humano – homens e mulheres. Terá sempre de se desenvolver uma nova visão e consciência “para dentro” para que ela se possa manifestar “para fora”, para a sociedade e mundo exterior. Questões de raiz como esta demoram o seu tempo a transformar, mas sinto que estamos num bom caminho evolutivo».
Publicado na businessIT 12, de Março de 2018